CONGRESSO FARÁ TENTATIVA DE VOTAR VETOS PRESIDENCIAIS APÓS CINCO MESES

Após
cinco meses sem apreciar vetos presidenciais a projetos aprovados pelo
Congresso, senadores e deputados realizam sessão conjunta nesta
terça-feira (27) para tentar analisar 14 itens rejeitados pelo governo.
Por falta de consenso, quatro sessões iniciadas este ano com essa
finalidade foram adiadas sem decisão. A
última sessão que votou vetos ocorreu em dezembro de 2013. Na última
terça-feira (20), os 14 novos vetos já estavam na pauta do Congresso,
mas a sessão precisou ser encerrada por não haver registro da presença
mínima de 41 senadores e 257 deputados em plenário.
A
principal polêmica que vem gerando adiamentos desde janeiro nas sessões
mensais gira em torno do veto a um projeto que dita normas para a
criação, fusão e emancipação de municípios. Também há divergências entre
parlamentares sobre o veto a um trecho da minirreforma eleitoral que
proíbe o uso de propagandas de candidatos em bens particulares.
O temor do governo é que essas normas sejam "ressuscitadas" com a derrubada dos vetos da presidente Dilma Rousseff. "Essa
é mais uma operação do governo para retirar uma prerrogativa que é do
Congresso, de dar a última palavra no processo legislativo. O governo
esvazia o quórum do Senado, tenta evitar quórum na Câmara e pressiona a
base aliada para manter os vetos. É uma operação antidemocrática do
governo", disse ao G1 o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
Para agilizar a votação, os líderes partidários da Câmara e do Senado decidiram
analisar, também nesta terça, um projeto de resolução para permitir a
apreciação dos vetos presidenciais em cédulas. Atualmente, cada veto
precisa ser votado no painel. A ideia dos parlamentares é votar em bloco
as matérias em que houver acordo para manter a decisão presidencial. Já
nos casos de projetos em que houver divergência sobre a derrubada de um
ou outro veto, cada um será deliberado individualmente no painel
eletrônico.
Na
última quarta-feira (21), o presidente do Congresso, Renan Calheiros
(PMDB-AL), criticou a dificuldade em avançar na deliberação dos vetos,
por causa da necessidade de analisar cada item individualmente. "Temos
que discutir a sistemática para permitir que as sessões do Congresso
avancem na apreciação de cada veto. Senão, os vetos se acumulam, na
prática, e as sessões não deliberam", disse. O
líder do DEM também criticou a forma como ocorre a votação atualmente.
"O procedimento hoje está muito antifuncional. Temos a possibilidade,
com a cédula, de agrupar os vetos e destacar apenas o que não tiver
acordo", afirmou Mendonça Filho.
Municípios e minirreforma eleitoral
O
principal item da pauta – projeto para criação de municípios – foi
vetado por inteiro por Dilma. Depois do veto, uma nova proposta sobre o
tema foi elaborada em acordo com o Executivo, já foi aprovada no Senado e
agora aguarda votação na Câmara. O
texto prevê regras mais rígidas para criação de municípios no Sul e
Sudeste a facilita para o Nordeste. No Norte e no Centro Oeste, as
exigências para emancipação foram mantidas na comparação com o projeto
vetado.
Para
o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), mesmo com o novo
projeto em tramitação, é possível que o veto seja derrubado. "Percebo um
clima de derrubada desse veto. Há um sentimento dos deputados que
querem garantir a criação dos municípios. Como o veto foi geral,
queremos garantir a possibilidade de criar movos municípios", disse o
petista. Outro
veto polêmico na pauta do Congresso é o que retirou do projeto da
minirreforma eleitoral, aprovado no ano passado, a proibição a
propagandas em bens particulares. Com a exclusão do trecho, continua em
vigor a regra atual que permite a prática por meio de placas, faixas,
cartazes, bandeiras ou pinturas.
Outros
12 itens estão na pauta, como o veto ao projeto que cria uma espécie de
marco regulatório para as Instituições Comunitárias de Ensino Superior.
Também serão analisados, por exemplo, vetos ao projeto que regulamenta a
profissão de motorista de veículos de emergência, como ambulâncias, e o
que trata da implantação de faixa de pedestres próximo a escolas.
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