Ex-prefeito condenado a 100 anos por chacina

Da Folha de S.Paulo - Rayder Bragon
O fazendeiro e ex-prefeito de Unaí (a 600 km de Belo Horizonte) Antério Mânica, 60, foi condenado, na noite desta quinta-feira (5) a cem anos de prisão pela morte de três auditores fiscais e de um motorista do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). O júri ocorreu na sede da Justiça Federal, em Belo Horizonte. O crime aconteceu em janeiro de 2004 e ficou conhecido como a chacina de Unaí. O Ministério Público Federal acusou o ex-prefeito de ter sido um dos mandantes dos crimes.
O juiz federal Murilo de Almeida descontou o período de prisão provisória de 26 dias já cumpridos pelo réu, que deverá cumprir 99 anos, onze meses e quatro dias de reclusão. No entanto, o período de prisão no Brasil não pode ultrapassar 30 anos, de acordo com o Código Penal - na prática, a pena deve ficar em torno de 17 anos. A sentença foi lida às 23h15.
O magistrado permitiu ao ex-prefeito, por ser réu primário, recorrer da decisão em liberdade, mas impediu que ele saia do país e pediu que entregue seu passaporte à Justiça em 24 horas. Durante o julgamento, o delator da chacina, o produtor rural Hugo Alves Pimenta, disse não ter presenciado a suposta participação do ex-prefeito nos crimes e que ouviu a informação de terceiros. No caso de Norberto Mânica, irmão de Antério e também condenado a cem anos de prisão pelas mortes, Pimenta o apontou como o mandante das mortes. O produtor rural fez um acordo de delação premiada e vai a júri no dia 10 deste mês.
O ex-prefeito, durante interrogatório na tarde desta quinta, disse que a inclusão do seu nome no processo era um "grande equivoco do Ministério Público". O advogado Marcelo Leonardo, que defende o ex-prefeito, disse que não existiam provas no processo da participação do cliente no caso e afirmou, após o julgamento, que vai recorrer da decisão.

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