ELE TEM RAZÃO

Faz algum tempo que não escrevo nada sobre política, como vocês, minha meia dúzia de leitores amigos, devem ter notado. É que, na maioria das vezes, diante das mesmices em matéria de política que vemos diuturnamente sendo divulgadas pelos meios de comunicação de nosso País, acaba faltando inspiração. Porém, diante da polêmica criada ontem, pelo Ministro JOAQUIM BARBOSA, Presidente do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, atrevo-me a rabiscar estas mal traçadas linhas. Que coisa antiga, diriam vocês, parece até  uma correspondência de namorados nos idos de antigamente…

Deixemos de tergiversar e vamos ao que interessa.

Certamente alguns de vocês leram nos jornais ou na internet as palavras proferidas pelo Ministro JOAQUIM BARBOSA, no dia de ontem, numa palestra no Instituto de Educação Superior de Brasília, quando, fazendo uso daquela franqueza que lhe e peculiar, disse com todas as letras, que os Partidos Políticos em nosso País são “partidos de mentirinha” e que  o Congresso Nacional é dominado pelo Poder Executivo.

E ele tem toda razão.

Em verdade, acrescento: na atualidade os Partidos Políticos não passam de um ajuntamento de interesses, visando apenas à satisfação de uns poucos que se dizem seus donos. Esta frase não é nova. Já tinha dito num artigo escrito tempos atrás.

E como diria o sábio JOÃO NABOR, se vivo estivesse: “é um verdadeiro roçado de cabras-safados!”

JOÃO NABOR, para quem não conhece, foi o primeiro fotógrafo de Taquaritinga do Norte – fotógrafo dos bons, quem o conheceu sabe disso – e é pai de JÂNIO ARRUDA. Sábio JOÃO NABOR. Ele sabia muito bem o que dizia!

Muito embora dê total razão ao Ministro JOAQUIM BARBOSA, tenho que reconhecer que o mesmo, não raras vezes, parece esquecer que é o representante maior de um dos Poderes da Nação – o Judiciário – e nesta condição, não pode tecer críticas desta natureza a um outro Poder, ou a seus membros, em razão do relevante cargo que ocupa. E não adianta dizer que suas palavras foram proferidas fora do Plenário da Suprema Corte, pois ele, esteja onde estiver, é o seu representante e fala em seu nome. Mas, repiso, ele tem toda razão.

Em verdade, acredito que somente teremos partidos políticos na completa expressão da palavra, com ideologias a serem defendidas por seus representantes, quando advier a tão sonhada reforma política, com a instituição do financiamento público das campanhas, do voto distrital e a possibilidade de você concorrer a um cargo eletivo sem necessidade de ser filiado a um partido político, dentre outras necessidades imperiosas que faltam para consolidar a nossa frágil democracia. Enquanto isso não acontecer, seremos obrigados a conviver nesse “roçado de cabras safados” se quisermos fazer política…

Um abraço a todos.

*PAULO ROBERTO DE LIMA  é  graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de  Procurador  Federal.