Investigados atuavam próximos à diretoria de serviços da Petrobras

Adriana Justi, Daiane Baú e Rosanne D'AgostinoDo G1 PR

Nova fase da operação Lava Jato é realizada em SP, RJ, BA e SC. Até as 10h55 desta quinta (5), 60 mandados tinham sido cumpridos.


A Polícia Federal (PF) informou em uma entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (5), em Curitiba, que os investigados da nona fase da Operação Lava Jato trabalhavam próximos à diretoria de Serviços da Petrobras. Os 62 mandados expedidos foram cumpridos em 26 empresas, a maior parte delas de fachada, segundo o delegado Igor Romário de Paula. Do total de mandados, apenas dois não tinham sido cumpridos até as 10h40, segundo a PF.
Polícia Federal explia a nona fase da Operação Lava Jato (Foto: Daiane Baú/ G1)
Polícia Federal explica a nona fase da Operação
Lava Jato (Foto: Daiane Baú/ G1)
Uma dessas empresas é de Santa Catarina e tem contratos com a BR-Distribuidora, segundo a polícia. A empresa investigada é fabricante de tanques de combustíveis e não era de fechada, segundo o delegado Igor. Os nomes dos investigados não foram divulgados.
O cumprimento dos mandados começou durante a madrugada em quatro estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina. A Operação foi batizada de "My Way" (meu jeito), em referência ao ex-diretor da área de Serviços Renato Duque. Segundo Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras e um dos delatores do esquema, Duque era conhecido dessa forma.
Ainda segundo o delegado Igor, a operação se destina a colher provas sobre a participação de 11 operadores no esquema ligado à diretoria de Serviços da Petrobras envolvendo pagamento de propina e lavagem de dinheiro na estatal. “Temos suspeitas claras no sentido de que participam desse esquema”, afirmou. O delegado salientou que ainda não há acusação formal contra nenhum dos presos.
“Estamos semeando. Não é o momento de fazer qualquer acusação. A palavra do colaborador tem força delativa. Hoje nós vamos atrás de provas materiais. A acusação em relação a pessoas vai ser feita no momento da denúncia", relatou.
“Essa investigação se refere a esses outros nomes que nós tivemos conhecimento pelas delações premiadas”, informou o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima.
Os 62 mandados expedidos são: um de prisão preventiva, três temporárias, 18 de conduções coercitivas, quando a pessoa é levada para a delegacia para prestar depoimento, e 40 de busca e apreensão. As cidades envolvidas na operação são capital do Rio de Janeiro e de São Paulo, Itajaí, Balneário Camboriú, Salvador, Piçarras, Navegantes, Penha e Palmitos.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período. Já a prisão preventiva não tem prazo pré-definido, ou seja, pode se estender por um período indeterminado durante o processo. A última fase (8ª) foi realizada no dia 14 de janeiro com o cumprimento do mandado de prisão do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Ainda conforme o delegado Igor, a nona fase da Lava Jato se baseia em fatos até o ano de 2014, portanto, após a deflagração da fase inicial da operação. A investigação é fruto da denúncia de colaboradores e de pessoas que se dirigiram ao Ministério Público Federal.

“São operadores que agiam na diretoria de serviços e empresas geralmente de intermediação de negócios, consultoria, que fariam notas fictícias”, disse. Os investigados poderão responder pelos crimes de fraude e licitação, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

A Lava Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014 pela PF e identificou um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio. A Petrobras está no centro das investigações da operação, que apontou dirigentes da estatal envolvidos no pagamento de propina a políticos e executivos de empresas que firmaram contratos com a petroleira.
Entre os réus no processo estão o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, e o doleiro Alberto Youssef, que está preso na PF em Curitiba e é acusado de liderar o esquema de lavagem de dinheiro e avasão de divisas.
Novos inquéritos
No dia 27 de janeiro, a Polícia Federal abriu mais 10 inquéritos para investigar possíveis fraudes em contratos da Petrobras. As investigações vão apurar a participação de empresas no esquema comandado pelo doleiro Alberto Youssef. Os documentos, assinados no dia 23 de janeiro, entraram no sistema da Justiça Federal no dia 26. Em um acordo de delação premiada, ele disse que as empresas pagavam propinas a funcionários da estatal para fechar contratos de obras.

Os inquéritos vão apurar a possível participação das empresas MPE Montagens e Projetos Especiais, Alusa Engenharia, Promon Engenharia, Techint Engenharia e Construção, Construtora Andrade Gutierrez, Skanska Brasil, GDK, Schain Engenharia, Carioca Christiani Nielsen Engenharia e Setal Engenharia Construções e Perfurações.
O delegado responsável pelo caso levou em conta os depoimentos de Youssef como base para abrir os novos inquéritos. Além disso, houve análise em diversos documentos, como recibos e comprovantes de depósitos que comprovariam a ligação entre essas empresas e outras pessoas investigadas na Lava Jato.
Entre os delitos cometidos por supostos "clientes" do esquema de movimentação ilegal de dinheiro estão tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos.
Audiências

Desde segunda-feira (2), o juiz Sérgio Moro realiza uma série de audiências com testemunhas de acusação no processo sobre corrupção na Petrobras. Nesta quinta, quarto dia de oitivas, continuam a ser ouvidas testemunhas arroladas no processo que envolve executivos da construtora OAS.

Estão previstos os depoimentos de Pedro Aramis de Lima Arruda, gerente de Segurança Empresarial da Petrobras; Gerson Luiz Gonçalves, chefe de auditoria interna da estatal; e Marcelino Guedes Ferreira Mosqueira Gomes, ex-presidente da Refinaria Abreu e Lima.

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