Sabemos o quanto pagamos de impostos?
A População e a Percepção da Política Tributária.
Temos debatido diversos temas relacionados ao alto custo tributário dos
contribuintes, desvio de recursos para ações governamentais secundárias
ou mesmo perdidos em meio à corrupção, baixa qualidade dos serviços
públicos prestados e outros assuntos relativos à gestão dos recursos
públicos.
Sabemos que tais fóruns encontram eco entre os empresários e cidadãos
diretamente envolvidos com a administração tributária ou que se
interessam por esta importante questão, mas como a população em geral
percebe a questão fiscal no país?
Recentemente a Escola de Administração Fazendária – ESAF, através de
interessante pesquisa, realizou e divulgou um estudo sobre o grau de
percepção fiscal da população brasileira, do qual extraímos alguns
pontos principais para reflexão.
Um dado importante revela que 69% da população reconhecem pagar
impostos, porém, inacreditavelmente, temos um percentual de 29,9% que
afirmam não pagar. Isto demonstra que temos praticamente um terço da
população que desconhece os efeitos da política tributária, pois
simplesmente ignora a carga fiscal embutida nos bens e serviços que
adquire, a qual lhe é repassada.
Na composição dos outros dois terços observa-se que há apenas uma noção
básica sobre a questão tributária, pois, ao citar espontaneamente os
impostos que pagam, as respostas concentram-se no IPTU (47,8%), IPVA
(25,4%) e IR (25,3%). O espantoso é que uma parcela de 22,5%
simplesmente declara não saber quais os impostos que paga.
Quando perguntados se o nível de impostos está dentro de sua capacidade
de pagar, 52,7% acreditam que sim, enquanto 43,6% entendem que não.
Acredito que se os contribuintes soubessem claramente, por exemplo, que
em uma fatura de energia elétrica no valor de R$ 100,00 paga-se algo em
torno de R$ 35,00 de impostos, ou que na compra de um videogame de R$
500,00 estão embutidos aproximadamente R$ 310,00 de tributos o resultado
da enquete seria outro.
Por outro lado, surpreendentemente, a complexidade do nosso sistema
tributário é reconhecida por 82,9% dos entrevistados, sendo que destes
67,4% acham que as informações e orientações sobre pagamento dos
impostos não são disponibilizadas para a população, havendo o sentimento
de que a sociedade em geral não tem acesso a este tipo de orientação.
Este ponto é coerente com o teor das respostas anteriores, pois fica
evidente que o contribuinte comum não consegue perceber a teia
tributária que o envolve, tendo apenas uma visão muito superficial da
questão.
Importante destacar que, mesmo sem um conhecimento avançado sobre a
política fiscal do governo, 53,7% dos entrevistados não estão dispostos a
pagar mais impostos em troca de serviços públicos mantidos a sua
disposição, o que demonstra que a população não está satisfeita com essa
relação custo/benefício, porém uma significativa parcela ainda
concordaria em desembolsar ainda mais.
Interessante o ponto que destaca que para 71,8% dos entrevistados os
recursos a disposição do governo federal são suficientes para o bom
cumprimento de suas funções, destacando-se a corrupção como exemplo de
mau uso dos recursos públicos. Por outro lado 21,9% acreditam que os
recursos são insuficientes.
Os dados apresentados, quando interpretados, demonstram que a população
em geral não possui um conhecimento razoável sobre o custo tributário
que nos é repassado. Por exemplo, quando fazemos as compras do mês
sabemos o quanto de impostos está embutido nas mercadorias e, por
consequência, estamos pagando?
Um passo importante para a cidadania passa pela educação fiscal da
população, a qual precisa pelo menos ter noções concretas de quanto e
como a Fazenda Nacional arrecada e principalmente aonde gasta os
recursos retirados dos contribuintes, que em última instância somos
todos nós, ao comprarmos uma balinha de hortelã ou um carro de luxo.
Um bom exercício de cidadania poderia começar pelos empresários e seus
contadores que poderiam desdobrar e informar aos consumidores o preço
efetivo dos produtos comercializados e o respectivo custo tributário
embutido. Assim, provavelmente, a grande parcela da população que está
desinteressada das questões tributárias começaria a olhar com outros
olhos esta temática, ajudando a ampliar e melhorar o debate fiscal.
Portal tributário- Mauricio Alvarez da Silva*
Enviado ela Assessoria da ASCONT
Imagem ilustrativa da WEB
Comentários
Postar um comentário