Trump assina nova ordem migratória e veta entrada de migrantes de 6 países
Na nova versão, cidadãos do Iraque e de países afetados que possuam residência permanente nos Estados Unidos poderão entrar no país.
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Trump assinou nova ordem migratória e vetou entrada de migrantes de 6 países (Foto: Evan Vucci/AP) G1 |
O presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (6) a versão revisada de
seu polêmico veto migratório a refugiados e cidadãos de países de maioria
muçulmana. Estão proibidos de entrar nos EUA, temporariamente, os cidadãos do
Irã, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.
Após a Justiça barrar o
decreto de 27 de janeiro, o governo Trump fez mudanças na nova versão do texto.
Os cidadãos do Iraque e de países afetados que possuam residência permanente
nos Estados Unidos ou que já estejam em posse de um visto poderão entrar no país.
Principais
mudanças do decreto revisado:
- O Iraque sai da lista de países cujos cidadãos ficam temporariamente impedidos de entrar nos EUA;
- Os refugiados sírios deixam de ser automaticamente impedidos de entrar nos EUA. A eles passam a ser aplicar os mesmos critérios que aos solicitantes de refúgio de outros países.
- A ordem não passa a valer imediatamente, como a primeira, mas entra em vigor 10 dias após seu anúncio.
- No novo texto, não há menção de prioridades a minorias religiosas perseguidas, o que na prática significaria cristãos, já que todos os países listados são de maioria muçulmana.
A nova ordem entrará em
vigor no dia 16 de março. O Iraque, que estava entre os países barrados na
primeira versão do decreto, foi retirado da lista. "O Iraque já não está
na lista", afirmou a assessora Kellyanne Conway, nesta segunda-feira (6),
antes de Trump assinar o novo decreto.
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O secretário de Estado Rex Tillerson (esquerda) e o procurador-geral Jeff Sessions em entrevista coletiva sobre o novo decreto migratório de Donald Trump' (Foto: Mark Wilson/AFP) |
De acordo com a agência Efe, o presidente americano decidiu excluir os cidadãos do Iraque de seu novo decreto migratório porque o governo iraquiano se comprometeu a colaborar na investigação sobre seus cidadãos, segundo explicaram altos funcionários americanos.
O governo do Iraque
pretende melhorar os padrões de documentação de seus cidadãos que viajam aos EUA,
e a executar no "tempo oportuno" os processos de repatriação de seus
cidadãos com ordens de deportação nos Estados Unidos.
O veto para concessão de
vistos para os cidadãos destes seis países terá duração de 90 dias, enquanto o
programa para admissão de refugiados foi suspenso por 120 dias.
De acordo com as
autoridades americanas, o decreto tem como objetivo reforçar os procedimentos
de segurança e assegurar que as pessoas que pedem asilo não sejam uma ameaça
para os americanos.
Na versão anterior,
bloqueada nos tribunais, era proibida de maneira indefinida a entrada de
refugiados sírios nos Estados Unidos, mas desta vez o governo não os menciona
de maneira específica e os inclui com o resto de refugiados.
O secretário americano de
Estado, Rex Tillerson, afirmou nesta segunda-feira (6) que o decreto migratório
assinado pelo presidente Donald Trump é vital para fortalecer a segurança
nacional dos Estados Unidos.
"A ordem executiva
assinada pelo presidente para proteger a nação da entrada de terroristas
estrangeiros é uma medida vital para fortalecer nossa segurança nacional",
afirmou o chefe da diplomacia americana.
Algumas das mudanças no
texto apresentado nesta segunda se concentram em pontos que foram apontados
pela 9ª Corte como motivos para a suspensão da primeira ordem migratória,
apresentada em janeiro. Ainda assim, especialistas acreditam que a nova versão
voltará a ser questionada na justiça.
O procurador-geral do
Estado de Nova York, Eric Schneiderman, afirmou nesta segunda-feira que sua
equipe está pronta para contestar a nova ordem de Trump na Justiça. de acordo
com a BBC.
"Embora a Casa Branca
tenha feito mudanças no veto, a intenção de discriminar muçulmanos continua
clara", afirmou. "Meu escritório está analisando cuidadosamente a
nova ordem executiva e está pronta para contestá-la judicialmente - de novo -
para proteger as famílias, as instituições e a economia de Nova York."
Uma alteração que chama
atenção diz respeito a um item que fez com que a ordem de janeiro fosse
classificada como discriminatória contra muçulmanos. Na primeira versão, o
governo mencionava prioridade de admissão a indivíduos perseguidos de minorias
religiosas, o que na prática concederia privilégios a cristãos, já que todos os
países da lista são de maioria muçulmana. Na atual versão, a questão da minoria
religiosa não é citada.
Democratas
Os líderes do Partido
Democrata no Congresso dos Estados Unidos, o senador Chuck Schumer e a
representante Nancy Pelosi, reprovaram nesta segunda-feira o novo veto
migratório e insistiram que o mesmo continua sendo "uma proibição"
discriminatória, que foi apenas "amenizada".
"Uma proibição
amenizada continua sendo uma proibição. Apesar das mudanças da Administração,
esta perigosa ordem executiva solapa nossa segurança. E mais, é mesquinha e
antiamericana. Deve ser derrogada", disse Schumer, líder da minoria
democrata no Senado, em comunicado.
Pelosi, líder da minoria
democrata na Câmara dos Representantes, afirmou por sua vez que "a mudança
de embalagem" que o governo Trump fez sobre a polêmica ordem executiva
"não mudou em nada os objetivos imorais, inconstitucionais e perigosos de
sua proibição aos muçulmanos e refugiados".
"Esta é a mesma
proibição, com o mesmo propósito, impulsionada pela mesma discriminação
perigosa que debilita nossa capacidade de combater o terror", comentou a
líder democrata.
Disputa na Justiça
Em seu primeiro
veto migratório, Trump havia proibido a entrada nos EUA dos cidadãos de
sete países de maioria muçulmana (Iraque, Irã, Somália, Iêmen, Líbia, Síria e
Sudão) durante 90 dias, e suspendia o programa de acolhimento de refugiados
durante 120 dias, enquanto no caso dos refugiados sírios, essa suspensão era
indefinida.
Após uma semana de caos e
confusão durante a qual o governo já tinha introduzido algumas modificações, um
juiz federal suspendeu o veto de forma temporária para estudar sua
constitucionalidade, uma decisão que depois foi mantida por um tribunal de
apelações ao qual Trump tinha recorrido.
Investigação
Ainda nesta segunda-feira
(6), o FBI (polícia federal americana) divulgou que
está investigando 300 pessoas que foram admitidas no país como refugiadas para
evitar ações terroristas envolvendo o Estado Islâmico ou indivíduos inspirados
pelo grupo.
O Departamentos de
Segurança Interna não forneceu detalhes sobre as investigações ou sobre o
status migratório atual desses 300 indivíduos durante uma reunião com
funcionários do Congresso, segundo fontes que pediram anonimato.
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