"Democracia exige que governados saibam o que fazem os governantes", diz Moro sobre áudios
Juiz federal diz que governados devem saber o que os governantes fazem
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Juiz reponsável pela Lava-Jato apresentou razões para divulgaçãoFoto: Lucas Correia / Agência RBS |
O
juiz federal Sergio Moro, da Operação Lava-Jato, disse que "o interesse público e a previsão
constitucional de publicidade dos processos impedem a imposição da continuidade
de sigilo sobre autos". Nesta quarta-feira, Moro tornou público o
acervo de grampos da Polícia Federal que pegaram o ex-presidente Lula
conversando com Dilma Rousseff. Em um diálogo, Lula chama os investigadores da
Lava-Jato de "canalhas".
Ele diz que o País tem "uma Suprema Corte acovardada, um presidente da
Câmara f*****, um presidente do Senado f*****".
O
petista diz que Sergio Moro promoveu "um
espetáculo de pirotecnia" ao autorizar sua condução coercitiva no dia
4 de março. A liberação dos grampos da Operação Aletheia, que pegou Lula,
ocorreu praticamente no mesmo horário em que a presidente Dilma anunciava no
Palácio do Planalto a nomeação de Lula para o cargo de ministro chefe da Casa
Civil — condição que dá ao ex-presidente o foro privilegiado perante o Supremo
Tribunal Federal e o livra das mãos de Moro.
O
juiz da Lava-Jato amparou sua decisão de dar publicidade aos grampos — e a
outros documentos que citam Lula — nos artigos 5.º e 93 da Constituição. "O levantamento (do sigilo) propiciará assim
não só o exercício da ampla defesa pelos investigados, mas também o saudável
escrutínio público sobre a atuação da Administração Pública e da própria
Justiça criminal. A democracia em uma sociedade livre exige que os governados
saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos
pelas sombras", escreveu Moro.
Sergio
Moro destaca que "isso é ainda mais
relevante em um cenário de aparentes tentativas de obstrução à Justiça".
Ele faz menção à decisão do Supremo Tribunal Federal que em novembro de 2015
decretou a "prisão cautelar do
senador Delcídio do Amaral, do Partido dos Trabalhadores, e líder do Governo no
Senado, quando buscava impedir que o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cuñat
Cerveró, preso e condenado por este Juízo, colaborasse com a Justiça,
especificamente com o Procurador Geral da República e com o próprio Supremo
Tribunal Federal".
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