MANIFESTAÇÕES EM TODO O BRASIL
Brasília
Rio de Janeiro
São Paulo
Belo Horizonte
Os
jovens ocuparam as principais cidades do Brasil, nesta segunda-feira,
dia 17, protestando contra o aumento das passagens de ônibus, o dinheiro
gasto nos estádios de futebol, a PEC 37 (que retira do Ministério
Público o poder da investigação), além do péssimo sistema de transporte,
as más condições de funcionamento da saúde e da educação.
Foram
10 mil pessoas em Porto Alegre, o mesmo número em Curitiba, 30 mil em
Belo Horizonte, perto de 70 mil em São Paulo e 100 mil no Rio de
Janeiro. No total, segundo a Folha de São Paulo, 250 mil jovens ocuparam
as ruas das principais cidades do país.
A
maioria das manifestações foi feita de forma pacífica. Em São Paulo não
houve nenhum incidente e desta vez a polícia agiu de forma civilizada,
merecendo elogios. No Rio um pequeno grupo, já no final da passeata,
invadiu a Assembleia Legislativa do Estado e promoveu atos de
vandalismo. A PM precisou intervir e algumas pessoas foram presas.
Na
capital federal milhares de jovens subiram no teto do Congresso
Nacional e os 400 policiais de serviço não tiveram força para impedir.
Os
manifestantes dialogaram com o governador Geraldo Alckmin, em São
Paulo, e nas ruas protestaram contra a participação de políticos no
movimento, chegando a vaiar integrantes do PSTU, que portavam bandeiras.
A
Globo News acompanhou toda a movimentação durante o dia e o canal
aberto da TV Globo deu vários flashes durante sua programação, à tarde e
à noite.
O
Jornal Nacional fez ampla cobertura, voltando a demonstrar simpatia com
as manifestações. Como a emissora foi hostilizada nas ruas, a
apresentadora Patrícia Poeta leu uma nota, como se estivesse com raiva,
assegurando que a Globo tem acompanhado tudo desde o começo, “mostrando
tanto os atos de vandalismo, quando acontecem, quanto os exageros da
polícia paulista.
RECIFE - Centenas
de pessoas se reuniram na área central do Recife, na noite desta
segunda-feira (17), para protestar contra a corrupção no País. Os
manifestantes ocuparam o cruzamento das avenidas Conde da Boa Vista e
Agamenon Magalhães, nas proximidades da Praça do Derby. O trânsito na
região apresentou retenções. O grupo também cobrou redução da tarifa,
passe livre, meia passagem intermunicipal e melhorias no transporte
público.
O grupo,
formado na maioria por estudantes, afirma que o movimento é apartidário.
Eles decidiram sair em passeata pelas ruas da capital pernambucana para
apoiar os movimentos que ocorrem em outras cidades do País nesta noite.
"A corrupção é a crítica geral sobre os recursos públicos usados na
Copa", disse o presidente da União dos Estudantes Secundaristas de
Pernambuco, Davi Lira.
EXPLICAÇÃO -
O que está acontecendo no Brasil? Estaríamos num clima
pré-revolucionário. O sociólogo espanhol Manuel Castells, que participou
ontem, em São Paulo, da conferência Redes de Indignação e Esperança, deu uma explicação interessante para as manifestações dos últimos dias.
Segundo
ele no mundo todo, agora, há um instrumento de informação,
auto-organização e automobilização que não existia. “Antes, se estavam
descontentes, a única coisa que podiam fazer era diretamente para uma
manifestação de massa organizada por partidos e sindicatos, que logo
negociavam em nome das pessoas”, pontuou.
O
sociólogo disse que agora a capacidade de organização é espontânea.
“Isso é novo, são as redes sociais. E o virtual acaba no espaço público.
Essa é a novidade. Sem depender das organizações, a sociedade tem a
capacidade de se organizar, debater e intervir no espaço público”,
completou Manuel Castells.
A
seu ver todos esses movimentos sociais na história são principalmente
emocionais, não são pontualmente indicativos. “Em São Paulo não é sobre
transporte. Em algum momento há um fato que traz à tona uma indignação
maior”, frisou o espanhol.
Na
sua avaliação o movimento é contra a prática da classe política que se
apropria da representação e não presta contas em nenhum momento,
justificando qualquer coisa em função dos interesses que servem ao
Estado. “Eles não respeitam os cidadãos. É essa a manifestação. É isso
que os cidadãos sentem e pensam: que eles não são respeitados”, concluiu
o sociólogo.
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